Pés pequenos e passos lentos...

      Um dia desses andei de mãos dadas com a filha de um amigo meu... ela tem menos de dois anos e é a coisinha mais fofa do mundo!!!! Ela já sabe andar bem... tem um ou outro momento de desequilíbro, mas tem seus passinhos bem coordenados.

       Em alguns momentos ela soltou minha mão e começou uma corrida desengonçada pelo salão da igreja até que, depois da fralda amortecer várias quedas, ela resolveu me dar a mão novamente, na tentativa de que, com meu apoio pudesse chegar mais rápido até as bexigas coloridas da decoração.

      Depois desse momento de tia coruja e babona, reparei que não importava o quanto ela se esforçasse para correr, suas pernas e pés eram pequenos demais para dar passos largos... sua coordenação apesar de excelente, ainda não era o suficiente para permitir uma corrida rápida. Seu melhor desempenho, só era possível quando estava de mãos dadas com alguem maior...

       Essa situação foi suficiente para me fazer "viajar"... comecei olhar o tamanho das minhas pernas e pés... olhei para o relógio... o tempo passou... já há em mim todo o histórico, todas as marcas, todos os calos e bolhas de uma caminhada...

       Notei que houve momentos nessa caminhada em que pude dar passos largos, num solo fácil e foi tudo muito legal! Cercada de amigos, parentes, gente que amo e realmente fazem a diferença em minha vida!
       Mas, também tive momentos em que me senti descalça e sozinha... Nem sempre estamos preparados para a trilha que vem à frente! Pisei em cacos e pedras que me machucaram e fizeram chorar... não havia nenhum ombro para me auxiliar, e eu precisava continuar andando, ganhei bolhas na sola dos pés e as pedras e cacos me machucavam cada vez mais!!
       Houveram também as situações em que ao visualizar "bexigas coloridas", um bom emprego, um relacionamento legal, tentei correr o mais rápido possível! Mas até alguém bem coordenado pode perder o equilíbrio quando tenta dar passos mais largos e rápidos do que o habitual... e eu já estou crescidinha... não há fraldas para amortecer a queda, e o machucado no joelho e na palma das mãos são lembrados pelas cicatrizes...

      Reparei que caminhar junto das pessoas que me amam, torna tudo mais facil e alegre...
      Aprendi que há caminhos que preciso trilhar sozinha, e por mais difíceis que eles pareçam, preciso deles pra ter a sola do pé calejada, e aguentar avançar mais a cada dia, mesmo que seja com os passos dos pés pequenos e passos lentos de um bebê....
      Concluí que não adianta sair correndo na direção do que eu achar que é mais legal pra mim... o que eu "acho", não importa! Descobri que a maneira mais rápida e eficiente de atingir meus objetivos, é dar a mão para alguém maior do que eu, e confiar... porque ELE, que é maior do que todos nós, é o único que realmente conhece o que é importante pra mim... ELE é que vai equilibrar e acelerar meus passos... ELE é quem vai me mostrar o caminho certo!

      Sei que ainda vou cair... que vou soltar a mão dELE para correr em busca dos meus interesses... Mas é curioso pensar que quando a areia da ampulheta se esgota, é só virá-la, e é como se o tempo voltasse! As cicatrizes continuarão nos joelhos... os pés, cada dia mais calejados, e ELE, sempre esperando nossa volta, com a mão estendida para fazer muito mais do que tudo aquilo que pedimos ou pensamos!

      Quero ter a sabedoria da criança, que mesmo com pés pequenos e passos lentos, confia naquele que é MAIOR para guiá-la. Que apesar do tamanho dos passos não solta a mão dELE e caminha sempre em frente, na direção certa...  e a caminhada segue...