"E, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos Céus." (Mateus 10.7)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Abandonando a velha desculpa

ULTIMATO: Edição 324 - Maio e Junho 2010 - Caminhos da Missão

      Quando cheguei ao Brasil, um dos ditados populares que mais me chamavam a atenção era: “O Brasil é o país do futuro, e sempre será”. Lembro-me de sentir um misto de surpresa e tristeza. Naquela época, a inflação tinha atingido 45% ao mês e ninguém investiria no futuro do país.
      Hoje é bem diferente. O “Financial Time” resumiu assim o Brasil: “Trata-se de uma democracia madura, com uma economia diversificada e uma população jovem e adaptável, fazendo a festa com cada vez mais empregos estáveis e melhores salários” (7/7/09). Hoje há muita gente querendo investir no Brasil. O futuro parece bem melhor, materialmente.
      Diante deste quadro animador, o que nós, como discípulos de Jesus, devemos fazer? Certamente Deus tem nos abençoado não para ficarmos contentes, gordos e indiferentes aos que passam necessidade. Há cada vez mais igrejas assumindo um compromisso maior com a necessidade do próximo. Isso é louvável, mas é apenas um começo; é só um passo na caminhada de fé que Deus nos propõe.
      Em Isaías 49.6, Deus declara que não está satisfeito abençoando somente o seu próprio povo. Ele tem planos para tornar este povo uma bênção para todo o mundo. Jesus enfatizou isso quando deu suas ordens finais, de fazer discípulos de todas as nações.
      Há muitas regiões do mundo onde há ignorância quase total sobre as boas novas de Jesus. Em boa parte delas, há também grandes necessidades sociais e econômicas. Quem irá? Como proclamar as boas novas em tais contextos? O mais apto para responder a este desafio é aquele que consegue associar seu testemunho à sua contribuição profissional e prática para abençoar o povo em todas as suas áreas de carência.
      Assim como um novo dia raiou para o futuro econômico do Brasil, um novo dia está raiando para a participação da igreja brasileira na missão mundial. Deus nos abençoou para nos tornarmos bênção para todas as nações!
      Chegou o dia em que a igreja brasileira precisa acordar. A força missionária brasileira é pequena e precisa crescer -- muito! É preciso abandonar a velha desculpa de que não temos condições econômicas. Hoje temos condições, sim. É preciso parar de investir em tijolos e cimento, para investir em vidas. Mesmo não acreditando em seus próprios recursos, a igreja precisa acreditar em Deus e obedecer a ele. Precisa ver que há um mundo morrendo por falta de conhecimento das boas novas de Jesus. Precisa repensar suas prioridades e estratégias, e redobrar os esforços.
      Há uma tarefa para todos nessa aventura de fé em missões mundiais. Ore, informe-se, procure novas oportunidades e novas formas de cumprir a missão, em dependência do Espírito Santo. A missão que Deus nos entregou é integral, no modelo de Jesus. É missão que visa a restauração da dignidade humana, que luta pela justiça, que se coloca ao lado do pobre e marginalizado, que abre espaço para todo tipo de profissional em missão: administradores, professores, engenheiros, mecânicos, cabeleireiros, médicos, enfermeiros, eletricistas. O limite é a nossa falta de fé e a nossa desobediência.

Que as boas novas sejam pregadas aos pobres, que a liberdade seja proclamada aos presos, que os cegos recuperem a vista e os oprimidos, a liberdade, pois chegou o ano -- e o dia -- da graça do Senhor (Lc 4.18-19).

O autor do texto, Philip John Greenwood, é diretor da Escola de Missões do Centro Evangélico de Missões (CEM), em Viçosa, MG.

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