Porque a salvação é pela graça através da fé, creio que entre a incontável multidão em pé diante do trono do Cordeiro, trajando vestes brancas e trazendo folhas de palmeira nas mãos (Ap. 7.9), verei uma prostituta [...] que com lágrimas nos olhos disse-me que não tinha sido capaz de encontrar outro emprego para sustentar seu filho de dois anos e meio. Verei a mulher que fez um aborto e é assombrada pela culpa e pelo remorso, mas que fez o melhor que podia diante de alternativas cruéis; o homem de negócios assediado pelas dívidas que vendeu sua integridade numa série de transações desesperadas; o clérigo inseguro viciado em aprovação, que nunca desafiou sua congregação do púlpito e ansiava por amor incondicional; o adolescente que foi molestado pelo próprio pai e agora vende seu corpo nas ruas e que, antes de dormir a cada noite depois de seu último "michê", sussurra o nome do Deus desconhecido a respeito do qual ouviu na Escola Dominical; aquela pessoa que por décadas comeu e se lambuzou, quebrou cada lei de Deus e dos homens, chafurdou na lascívia e violentou a terra, e converteu-se em seu leito de morte.
"Mas como?", perguntamos. A voz então diz: "[Eles] lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro".
Ali estão eles. Ali estamos nós - a multidão que queria ser fiel, que foi por vezes derrotada, maculada pela vida e vencida pelas provações, trajando as roupas ensanguentadas pelas tribulações da vida, mas, diante de tudo isso, permaneceu apegada à fé.
Meus amigos, se isso não lhes parece a boa nova, vocês nunca chegaram a compreender o evangelho da graça.
[Retirado de MANNING, Brennan. O Evangelho Maltrapilho. Editora Mundo Cristão, 2005 p.31-32]
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